Vou-vos aqui falar um pouco da construção do solo do último TribaLx. O solo demorou um ano a ser construído. Resultou de uma série de improvisações sobre a música, que depois foram esculpidas. Uma música sem voz deixa muito em aberto: deixa que o nosso próprio corpo conte a nossa história, sem interpretes, sem intermediários. A história que o meu corpo contou é a minha: somos um, mesmo quando o nosso matrimónio connosco mesmos passa por momentos menos claros. Agradeço todos os dias a benção que é poder criar o que nos está no corpo; recriá-lo. As minhas motivações são muito mais políticas do que emocionais; mas tudo é um, nada é separável. Se a organização dos homens e mulheres à minha volta me causa emoções, é impossível que eu não acabe por falar em política.
Ficam aqui as palavras que posteriormente me surgiram:
"Do caos nasce algo especial, íntimo. Toma forma, bebe da Terra e do Céu, faz parte do corpo artista que dança. Abre esse corpo, expõe-no, torna-o vulnerável. Muitas vezes cansa-se; fica exausto, cansa-se sem que se veja o suor que o compõe, sem conseguir comunicar. Cai, na dor e no desconforto, para se reerguer na esperança. Abre-se de novo, parte para um novo rumo e oferece a sua semente a quem a receber. Esta é a arte do corpo. "
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